Buscamos equilíbrio, desde sempre, e isso não é novidade nenhuma. Primeiro sob duas rodas, sob o meio fio. Lembro que o meu desafio diário era driblar as divisões nas calçadas, o correto era pular apenas em seu interior. Ou subir as escadas intercalando degraus, passando por cima de um, a largos passos.
Difícil é manter todo esse regulamento. Como pular direto no interior das pessoas realmente encantadoras? Como intercalar situações complicadas, a largos passos? A infância chega ao fim, os problemas aumentam. Ou não. Talvez apenas percamos nossa sensibilidade.
Havia uma época em que brincando de boneca, se descobria grandes amizades. Em que amores, mesmo platônicos, eram resolvidos com um simples "recadinho". Em que as metas de vida se limitavam na tarefa de casa para a manhã seguinte.
Metas? Preciso rir das minhas. Aos sete sonhava em ser freira, assim quem sabe nunca iria deixar a casa dos meus pais (sim, podem rir comigo). Aos dez almejava que após uma década já estaria casada, com filhos. Sim, gostaria de voltar e avisar para aquela menina de franjas que isso não é fácil. Maridos não chegam em caixas coloridas da "Grow", filhos não silenciam após o "off" e casas não podem ser feitas de lençóis.
Aos vinte anos vislumbro meu desequilíbrio total, não vim com manual de instruções, não tenho mais metas. Mantenho apenas minha sensibilidade, à todo custo.
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