(Foto: André Pipa)
Quando percebi não consegui nem dormir. Levantei da cama para confirmar a perda. Perdi meu prendedor de cabelo. Meu prendedor amarelo. Aquele que sempre esteve comigo. Que nunca fugiu para baixo de um armário. Que nunca se quebrou, nem um pedaço. Sempre esteve ali, a prender meu cacheado indomável. A impedir o embaraço do vento. Perdi meu prendedor de cabelo. Meu prendedor amarelo.
Quando prendi meu cabelo com o prendedor amarelo pela última vez? Não lembro. Nunca defini sua real importância. Sempre esteve ali, entre tantos chaveiros coloridos. Pronto para me atender em uma emergência. Perdi meu prendedor de cabelo. Meu prendedor amarelo.
Me perdi também. Me perdi como meu prendedor amarelo. Me perdi em você. Me perdi em um amarelo de tons fortes. Me perdi no amor. Você? É claro, foi ontem, deixei meu prendedor amarelo na tua casa. Mas não, não precisa devolver. Não impeço mais o embaraço do vento. Nem o do amor. Pode ficar com meu prendedor amarelo e meu amor. Guardo teu amor também comigo. Um amor que me prende mais que meu prendedor amarelo.
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